A terapia assistida por animais (TAA) oferece uma abordagem
inovadora e eficaz para tratar diversas condições em crianças. Uma das decisões
mais cruciais ao iniciar essa terapia é a escolha do animal certo, pois cada
espécie pode oferecer benefícios únicos e atender diferentes necessidades
terapêuticas.
Neste artigo, vamos explorar como escolher o animal ideal
para a TAA, com foco em critérios importantes, exemplos de sucesso tanto no
Brasil quanto no exterior, e considerações específicas para diferentes
condições.
A TAA envolve a interação entre crianças e animais treinados
sob a supervisão de profissionais da saúde. Os animais mais comumente
utilizados incluem cães, gatos, cavalos, coelhos e até golfinhos. A escolha do
animal correto pode influenciar significativamente os resultados terapêuticos,
tornando essencial uma seleção cuidadosa e informada.
Critérios para Escolher o Animal Certo
1. Objetivos Terapêuticos:
- Identifique
os objetivos terapêuticos específicos para a criança. Diferentes animais
são mais adequados para certos tipos de terapias. Por exemplo, cavalos são
excelentes para terapias físicas como a hipoterapia, enquanto cães podem
ser mais eficazes para melhorar habilidades sociais e emocionais.
2. Características da Criança:
- Considere
a personalidade, necessidades e possíveis medos da criança. Algumas
crianças podem ter alergias ou medos específicos de certos animais, o que
deve ser levado em conta ao escolher o animal terapêutico.
3. Treinamento do Animal:
- Verifique
se o animal é treinado especificamente para TAA. Animais bem treinados são
essenciais para garantir a segurança e eficácia da terapia.
4. Ambiente Terapêutico:
- Considere
o ambiente onde a terapia ocorrerá. Alguns animais, como cavalos, precisam
de espaço aberto, enquanto cães e gatos podem ser adequados para ambientes
internos.
5. Disponibilidade de Profissionais Qualificados:
- Assegure-se
de que há profissionais qualificados disponíveis para conduzir a terapia.
Terapeutas com experiência em TAA são fundamentais para guiar o processo
terapêutico de forma segura e eficaz.
Tipos de Animais Utilizados na TAA
1. Cães:
- Benefícios:
Cães são extremamente versáteis e podem ser treinados para uma variedade
de tarefas terapêuticas. Eles são conhecidos por melhorar a autoestima,
reduzir a ansiedade e ajudar no desenvolvimento social.
- Exemplo
Estrangeiro: Nos Estados Unidos, a organização Pet Partners utiliza
cães em escolas para ajudar crianças com dificuldades de leitura,
proporcionando um ambiente de leitura acolhedor e sem julgamentos.
- Exemplo
Brasileiro: Em São Paulo, o Instituto Cão Terapeuta utiliza cães para
trabalhar com crianças autistas, ajudando-as a desenvolver habilidades
sociais e emocionais.
2. Gatos:
- Benefícios:
Gatos podem ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade. Eles são
particularmente úteis para crianças que podem se sentir sobrecarregadas
com a energia e a atenção de um cão.
- Exemplo
Estrangeiro: No Japão, terapias com gatos são populares em lares de
idosos e hospitais pediátricos, proporcionando conforto e redução do
estresse.
- Exemplo
Brasileiro: No Rio de Janeiro, o Projeto Pêlo Próximo utiliza gatos
para ajudar crianças com autismo a desenvolver habilidades de comunicação
e reduzir a ansiedade.
3. Cavalos (Hipoterapia):
- Benefícios:
Cavalos são usados principalmente em terapias físicas. A hipoterapia é
eficaz para melhorar a coordenação, equilíbrio e força muscular.
- Exemplo
Estrangeiro: Na Alemanha, a hipoterapia é amplamente utilizada para
crianças com paralisia cerebral, mostrando melhorias significativas nas
habilidades motoras.
- Exemplo
Brasileiro: Em Brasília, o Centro de Equoterapia São Jorge utiliza
cavalos para ajudar crianças com deficiências físicas, com resultados
positivos no desenvolvimento motor e na autoestima.
4. Coelhos:
- Benefícios:
Coelhos podem ser calmantes e ajudam a reduzir o estresse. Eles são ideais
para crianças que precisam de um animal pequeno e menos ativo.
- Exemplo
Estrangeiro: Na Austrália, coelhos são usados em programas de terapia
para crianças com transtornos de ansiedade, ajudando a proporcionar um
efeito calmante.
- Exemplo
Brasileiro: Em São Paulo, alguns centros de TAA utilizam coelhos para
ajudar crianças a desenvolver responsabilidade e empatia, especialmente em
ambientes escolares.
5. Golfinhos:
- Benefícios:
Golfinhos são usados principalmente para terapias com crianças autistas e
outras condições neurológicas. A interação com golfinhos pode estimular a
comunicação e proporcionar benefícios emocionais.
- Exemplo
Estrangeiro: Na Flórida, EUA, programas de natação com golfinhos
mostraram melhorias significativas em crianças com autismo, tanto na
comunicação quanto no comportamento.
- Exemplo
Brasileiro: Em Recife, o Projeto de Terapia Assistida com Golfinhos do
Instituto Recifense de Terapia com Animais utiliza golfinhos para ajudar
crianças com autismo, promovendo a interação social e a comunicação.
Estudos de Caso: Escolhendo o Animal Certo
Caso 1: Gabriel e a Terapia com Cães
Gabriel, um menino de 7 anos com transtorno de déficit de
atenção e hiperatividade (TDAH), tinha dificuldades em manter a concentração e
controlar a impulsividade. Seus pais optaram por iniciar a TAA com um cão
terapeuta no Instituto Cão Terapeuta em São Paulo.
Motivo da Escolha: Cães são conhecidos por sua
capacidade de ajudar crianças a melhorar a concentração e a calma. A interação
com cães pode proporcionar um ambiente de aprendizado mais controlado e focado.
Resultados: Após seis meses de terapia, Gabriel
mostrou uma melhora significativa na capacidade de concentração e no controle
de impulsos. A presença do cão durante as sessões de terapia ajudou Gabriel a
se sentir mais calmo e engajado nas atividades terapêuticas.
Caso 2: Sofia e a Hipoterapia
Sofia, uma menina de 10 anos com paralisia cerebral, iniciou
sessões de hipoterapia no Centro de Equoterapia São Jorge em Brasília. A
paralisia cerebral de Sofia afetava sua coordenação e equilíbrio, tornando a
hipoterapia uma escolha ideal.
Motivo da Escolha: A hipoterapia é especialmente
eficaz para melhorar a coordenação, equilíbrio e força muscular em crianças com
condições neurológicas e físicas.
Resultados: Após um ano de hipoterapia, Sofia
apresentou melhorias notáveis na coordenação e equilíbrio. Seus terapeutas e
pais observaram que ela estava mais confiante e independente em suas atividades
diárias.
Caso 3: Lucas e a Terapia com Gatos
Lucas, um menino de 8 anos com autismo, tinha dificuldades
em se comunicar e se relacionar com outras pessoas. Seus pais optaram por
iniciar a TAA com gatos no Projeto Pêlo Próximo no Rio de Janeiro.
Motivo da Escolha: Gatos são menos intimidantes e
podem proporcionar um efeito calmante, tornando-os ideais para crianças que
podem se sentir sobrecarregadas com animais mais energéticos.
Resultados: Lucas começou a interagir mais durante as
sessões de terapia e mostrou uma melhora na comunicação. A presença dos gatos
ajudou Lucas a se sentir mais seguro e disposto a se envolver em atividades
sociais.
Considerações Finais
A escolha do animal certo para a terapia assistida é uma
decisão crucial que pode influenciar significativamente os resultados
terapêuticos. Cada espécie de animal oferece benefícios únicos que podem
atender diferentes necessidades terapêuticas. Ao considerar fatores como os
objetivos terapêuticos, as características da criança, o treinamento do animal,
o ambiente terapêutico e a disponibilidade de profissionais qualificados, é
possível tomar uma decisão informada e eficaz.